Representantes de federações e clubes esportivos, além de municípios, empresas e entidades que investem no esporte reivindicaram do Governo de Minas o aumento do investimento no setor. Participantes de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), eles criticaram especialmente o baixo percentual investido na Lei Estadual de Incentivo ao Esporte (LIE).
Na reunião da Comissão de Esporte, Lazer e Juventude do dia 19/09/2023, solicitada pelo deputado Cristiano Silveira (PT), representantes da Subsecretaria de Esportes e da Secretaria de Estado de Fazenda justificaram essa situação especialmente pela dificuldade orçamentária.
Para Helena Campos, coordenadora de Projetos Incentivados do Minas Tênis Clube, se a atual lei de incentivo não for modificada rapidamente, o esporte vai parar em Minas Gerais. “Que o governo se sensibilize”, solicitou ela, lembrando que todo o orçamento de R$ 26 milhões destinado ao esporte em 2023, por meio dessa lei, foi utilizado até junho deste ano.
Ela destacou que o Minas Tênis conta com 38 projetos de esporte de alto rendimento em oito modalidades esportivas, atingindo 500 atletas, bancados pela lei de incentivo. “Ela é muito significativa para nós. Temos atletas do Estado se destacando no mundo, que veem um futuro pela frente. Essa parceria é fundamental para que os clubes levem adiante o esporte no Brasil”, avaliou.
O deputado Cristiano Silveira comparou a destinação de recursos para o esporte em Minas com a dos outros estados do Sudeste. O Rio de Janeiro e no Espírito Santo aplicam 0,5% da arrecadação de impostos (excluída a parcela dos municípios) na área esportiva. Já São Paulo (com arrecadação muito superior ao demais estados) destina 0,2% enquanto Minas, irrisórios 0,05%.
Ele comparou também os investimentos mineiros em cultura em relação aos do esporte. Em 2021, foram 116 milhões para a primeira e R$ 19 milhões para o último. Em 2023, R$ 156 milhões contra R$ 26 milhões.
Também narrador esportivo, o deputado Mário Henrique Caixa (PV) enfatizou que sua primeira transmissão esportiva foi dos Jimi (Jogos do Interior de Minas) em Três Pontas (Sul). “O Jimi fez parte da formação de muitos atletas”, declarou ele, acrescentando que falta incentivo a esse torneio.
Falta de investimento prejudica realização dos Jimi
Um dos grandes prejudicados com o baixo volume de recursos no esporte são os Jimi, Jogos do Interior de Minas, evento realizado desde 1984, reunindo equipes de várias modalidades de municípios de todas as regiões do Estado. “Fomos procurados por federações esportivas e por entidades preocupadas com o futuro do esporte em Minas Gerais. Esporte não é entretenimento, é atividade física, é carreira e trabalho, é oportunidade para crianças e jovens e não pode ser tratado com tanta negligência”, explicou o deputado estadual Cristiano Silveira.
Alexandre Valverde, da Diretoria de Esportes de Pará de Minas (Central), lembrou que os Jimi são um dos eventos esportivos mais tradicionais do Estado e não pode ser desvalorizado.
De 2019 a 2021, o torneio não foi realizado em função da pandemia. Em 2022, foram realizados os Jimi, mas só os Paralímpicos. Em 2023, o evento foi retomado, mas apenas com um esporte, o futsal, masculino e feminino. “Sabemos das dificuldades financeiras, mas acredito que o Estado tem condição de voltar com os Jimi como eram antes. Eles são importantíssimos para o turismo, a cultura e a geração de emprego e renda dos municípios”, analisou.
Antes secretário de Esportes de Pitangui (Central), entre 2015 e 2019, Valverde afirmou que o município que sedia etapas regionais dos Jimi consegue ter um retorno de aproximadamente 10 vezes o valor que investe na competição.
Já Nelson Eustáquio, secretário de Esportes e Lazer de Itaúna (Centro-Oeste), disse que obter recursos pela lei de incentivo foi a solução encontrada pelo município para investir no esporte – no ano passado, o município conseguiu captar R$ 5,8 milhões. “Temos muita demanda e pouco dinheiro. E saber que o recurso do Estado para o esporte acabou no meio do ano nos preocupa”, refletiu.